A parábola das dez virgens

21 abril, 2014


As dez virgens
Virgens dormindo com lâmpada. 1838-42. Por Friedrich Wilhelm Schadow

Mateus 25.1-13:
Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco dentre elas eram néscias, e cinco prudentes. As néscias, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo; mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas juntamente com as lâmpadas. Tardando o noivo, toscanejaram todas e adormeceram. Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro. Então se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. Disseram as néscias às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão-se apagando. Porém as prudentes responderam: Talvez não haja bastante para nós e para vós; ide antes aos que o vendem e comprai-o para vós. Enquanto foram comprá-lo, veio o noivo; as que estavam apercebidas, entraram com ele para as bodas e fechou-se a porta. Depois vieram as outras virgens e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta. Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço. Portanto vigiai, porque não sabeis nem o dia nem a hora.
O casamento na palestina


O casamento na palestina é repleta de rituais e de significados, dessa forma o casamento possui detalhes importantes para o significado utilizado por Jesus. O casamento dos judeus possuía basicamente e resumidamente dois momentos distintos, o primeiro, chamado de noivado e o segundo que era uma cerimônia com benção religiosa, o primeiro momento tinha peso civil, ou seja, os pais da noiva e o noivo realizavam um tipo de contrato para confirmar o compromisso entre as partes, podendo haver a escolha. A segunda parte consiste em uma cerimônia festiva para a benção religiosa e consumação do contrato de casamento e por fim a conjunção carnal.

A cerimônia religiosa, no caso de Mateus 25 citado por Jesus, possui alguns elementos interessantes, primeiramente a noiva ficava na casa dos pais aguardando a chegada do noivo. A chegada do noivo é precedida por virgens que participam anunciando o noivo. As anunciadoras iluminavam o caminho para a chegada do noivo através de lâmpadas de azeite.
Ao chegar na casa, ou no local onde a noiva se encontra, então as virgens anunciadoras entrariam para participar da cerimônia festiva com os familiares e os noivos.

Os elementos da parábola


Jesus destaca na parábola a existência de elementos civis e religiosos no casamento, de maneira que ao descrever a parábola Jesus explica que existem dez virgens anunciadoras. Ao se apresentar nas proximidades do local em que a noiva se encontra, as virgens anunciadoras estariam distribuídas no caminho com lâmpadas afim de iluminá-lo. As que desempenham o papel legitimamente poderiam participar da festa com os noivos. Jesus fala sobre a existência de virgens descuidadas, ou néscias, de maneira que em contraste com as sábias não levaram combustível extra para aguardar a chegada do noivo. O próprio Jesus se identifica como  o noivo em Mt. 9.15. 

O propósito da parábola

Na Interpretação histórica de Agostinho, ele analisa a parábola e observa características do caráter das virgens, da castidade, da interpretação dos objetos, do azeite extra entre outras coisas. A análise de Agostinho tende a tomar um viés alegórico da parábola, com o propósito de encontrar um segundo significado na parábola.

Ele entendia também que o sono e a falta de preparo eram fenômenos que poderia acontecer na vida dos cristãos e assim deveria existir o cuidado para não ser acometido desses males. A interpretação simbólica do óleo em reserva também era valorizado como uma virtude para os cristãos mais preparados. Kistemaker reforça a interpretação tradicional que a igreja seriam as virgens.

Alguns pontos não reforçam a interpretação tradicional, tendo em vista as características de cada personagem na parábola. Interpretar que as virgens são a igreja, como os eleitos e os reprovados, seria incorreto, tendo em vista que o casamento não ocorre com elas, e sim com o noivo e a noiva, que está aguardando a chegada do noivo em casa. O casamento como foi demonstrado acima ocorre com uma noiva e um noivo, não podendo ser realizado com cinco ou dez pessoas.

Conclusão

O propósito de Jesus na parábola era deixar claro a necessidade de vigilância durante o período que antecedia a chegada do noivo. Esse alerta de Jesus era claro para que ninguém fosse pego de surpresa quando o noivo chegar. Nesse sentido, essa era a mensagem central, não precisando de estender a interpretação aos demais símbolos, e mesmo que fosse feito, as dez virgens não poderia ser interpretada como os cristãos, pois a noiva estaria na casa dos pais aguardando a chegada do noivo. 

Dessa forma, o entendimento da parábola que faz jus a cada personagem seria o de que todos aqueles que estão participando de um compromisso devem estar atentos e preparados para a chegada do noivo, sabendo que caso ele demore estaremos a postos e vigilantes para o recebê-lo. É basicamente esse ensinamento que Jesus deixa para os seus discípulos, e o limite que o texto permite que cheguemos.


Referências

Jane Bichmacher de Glasman. Amor, sexo e casamento no Judaísmo. Disponível em: <http://www.nea.uerj.br/nearco/arquivos/numero8/4.pdf>

Josemar Bessa. Disponível em: <http://www.josemarbessa.com/2009/07/as-dez-virgens-agostinho.html>

Simon J. Kistemaker. As parábolas de Jesus. Casa Editora Presbiteriana. p. 151. 1ª Edição. 1992. 

Breve Cronologia dos Catecismos e Confissões de Fé das igrejas Protestantes

13 abril, 2014



Bem pra começarmos o termo catecismo vem de um verbo grego que significa ensinar e por sua vez os catecismos tiveram grande importância na história da igrejas protestantes, pois a igreja estava preocupada em ensinar sobre em que se baseia a fé cristã e fazer com que o maior número de pessoas aprendam essas verdades. Os catecismos ajudaram em fixar os pontos de doutrina principalmente nas doutrinas contra a Igreja Católica Romana.

O primeiro catecismo foi publicado em 1529, na verdade foram dois, o Catecismo Maior e o Catecismo Menor, esse último tem como objetivo a instrução de crianças. Já o Catecismo Maior contém um resumo das doutrinas bíblicas. Uma explicação doutrinária minuciosa da fé cristã.

Em 1530 surge a confissão de Ausburgo, durante o reinado de Carlos V, compilada por Phillip Melancton. Ela é considerada a melhor confissão de fé Luterana, trata-se de 28 artigos, nos quais do artigo 1 ao 22 fala sobre fé e doutrina e do 23 ao 28 fala sobre os abusos medievais corrigidos pelos Luteranos.

Já em 1531 Apologia da Confissão, que é um conjunto de artigos afim de defender a doutrina da confissão de fé de Augusburgo.

Em 1536 Confissão Helvética, trata-se de documentos expositivos que tratam da declaração de fé das igrejas protestantes na Suíça. Foi sem dúvida uma das mais destacadas confissões entre as igrejas reformadas, obtendo grande aceitação.

Em 1537 surge os artigos de Esmalcalde, que além de fazer uma apologia a confissão de fé de Auburgo ela também se aprofunda na doutrina da Santa Ceia.

Em 1558 Confissão de fé de Guanabara, essa confissão é especial, por dois motivos pois, surge em território brasileiro e depois por ser uma confissão dos proto-mártires da igreja reformada da França. Eles foram enviados por João Calvino para o Brasil, para tentar construir uma colônia francesa, mas devido a predominância e a pressão dos católicos romanos eles tiveram que produzir uma confissão de fé que foi utilizada como instrumento para a condenação e execução de quatro homens, Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon e André la Fon. A confissão de fé foi redigida por Jean Du Bourdel.

Em 1559 surge Confissão Galicana ou Confissão de La Rochelle, esse documento foi o resultado do primeiro sínodo das igrejas reformadas francesas e foi escrito inteiramente pelo reformador João Calvino.

Em 1560 surge a Confissão de fé Escocesa, redigido por John Knox e outros cinco "Johns", John Willock, John Winran, John Spotswoord e John Roll e John Douglas foi redigido depois da guerra civil escocesa, as doutrinas centrais são a doutrina da eleição e a doutrina da igreja.

Em 1561 Confissão Belga que trata de 37 artigos elaborado Guido de Bres, que foi adotado pelo sínodo de Dort e em 1519 se tornou o modelo confessional das igrejas da Holanda.

Em 1563 surge os 39 artigos que trata da declaração doutrinária contrapondo os principais desvios da doutrina católica.

Em 1563 Confissão de Heidelberg, surge pela reforma do Palatinado, que é o nome de uma região da Alemanha, que após ser liberta do domínio do Sacro Império Romano produziu a Confissão de Heidelberg.

Já em 1577 Fórmula de Concórdia que trata de uma exposição doutrinária sobre o pecado original,  da salvação pela graça e sobre a cristologia.

Em 1618 Cânones de Dort foi o resultado de uma disputa que ocorreu na Holanda sobre a doutrina dos Remonstrantes que eram discípulos de Jacob Armínius, que foi o pai do Arminianismo. Eleição, a Morte de Cristo, a Redenção do Homem, a Corrupção do Homem, a Conversão a Deus e a Perseverança dos Santos. Como já foi dito, consistiu em uma resposta aos discipulos de Jacob Arminius.

Em 1648 Confissão de fé de Westminster é incontestavelmente a confissão de fé que marcou a produção teológica do século XVIII. Norteada por quatro grandes princípios A autoridade das Escrituras, a soberania de Deus os direitos da consciência e a responsabilidade da igreja em seus campos de atuação.

Conclusão

As confissões de fé tiveram grande importância, pois serviram para fixar os pontos de doutrina da fé reformada ao passar do tempo. Isso garantiu que as igrejas permanecessem fiéis ao pensamento e as motivações dos reformadores.

Referências

Biblia Apologética de Estudo, ICP - Instituto Cristão de Pesquisas, 2000, 2ª Edição.

Hipocrisia um perigo para um coração arrogante

05 abril, 2014

Jesus ensinou que hipocrisia era um mau que não poderia existir dentro do coração humano, alguns fariseus eram extremamente repreendidos por Jesus, por sustentar uma vida de hipocrisia.

O termo hipocrisia (υποκρισις) aparece a primeiramente nos textos gregos que falam sobre o que acontece em um teatro, o que acontece durante a interpretação de uma personagem. Muitas vezes esses atores, utilizavam máscaras, de maneira que ao verdadeiro rosto do ator ficava oculto.

Nesse sentido, ser um hipócrita seria aquele que interpreta bem um papel, tão bem que parece realidade. Então, uma pessoa que sabe interpretar seria uma pessoa hipócrita.

Dessa forma, não fica difícil de entender como o termo se tornou uma característica de uma pessoa falsa e que não está falando a verdade. Essa característica é aparente em pessoas que não estão falando a verdade, por algum motivo elas desejam, insistem em esconder a verdade e sustentar uma situação que não está baseada em fatos.

Um dos motivos mais comuns da tentativa de se ocultar uma realidade é a necessidade de um coração manter a apreciação das pessoas ao seu redor em detrimento da verdade. Quando Jesus repreende os Fariseus temos um exemplo de tentar de ocultar a realidade através de uma aparência, a semelhança das máscaras que cobriam os rostos dos hipócritas gregos.

Quando Jesus repreende essas autoridades temos um quadro muito impressionante a respeito da tentativa dos Fariseus de sustentar a sua autoridade de testemunho através da mentira e de vestes religiosas. Essa atitude dos Fariseus demonstra uma despreocupação da opinião de Deus sobre as suas vidas, e uma valorização da opinião do povo, da glória dos homens.

Esse mau parece que é edêmico em toda humanidade, ou seja, todos os homens estão de alguma forma aparelhados com a mentira, de forma que mentir seria uma prática comum dentro da vida e do coração humano.

Em semelhança aos Fariseus Jesus repreende fortemente essas pessoas e as ordenam o arrependimento, de maneira que uma vez que esses corações arrogantes se desprendam da sua soberba haverá luz sobre as trevas da realidade oculta desses corações.

Sendo assim, devemos estar vigilantes para que a mentira não ache abrigo em nossos corações e comecemos a interpretar uma realidade que não é nossa. Que Deus abençoe nossa mente para que as trevas não achem lugar em nós.